Com o objetivo de utilizar os procedimentos como sistema de produção de pintura, utilizo neste momento a referência da pintura JE SUIS NATURE I.
Agora, colocada a questão fundamental da intencionalidade no trabalho que vinha sendo elaborado no processo de criação em pintura com a composição por meio de pinceladas gestuais, sinto que mesmo não sendo tão óbvio se questionar a presença da consciência nas produções anteriores, gostaria de inserir, como primeiro elemento talvez “racional”, informações que sejam sentidas como ordenadas, coordenadas, organizadoras, traçadas como elementos de sentido, num movimento estável, infinito, como o universo e seu movimento que dá suporte como matéria ao tempo.
Sobre o fundo criado composto, uma camada de sentido não planar, por hora linear, talvez um céu estrelado seja uma boa referência, linhas horizontais traçadas a mão livre com pinceis de cerdas curtas, linhas inconstantes mas contínuas, linhas que também são pinceladas únicas, com características individuais, com oscilações do traço, da tinta, da mão do pintor, como um manuscrito displicente, em sua forma de escrita de cada letra e seu desenho.
Sobre esta base pautada, poderia dizer assim, volto a inserir o movimento gestual instintivo, corporal, como o indivíduo se movendo no espaço que concebe, seu habitat, universo próprio, fragmento de sentido. Em uma pincelada larga mas inconstante, pelas oscilações de intensidade, por suas emoções, estes gestos aleatórios mas com uma certa continuidade, invocam o indivíduo a divagar em sua existência.
Com uma mistura mais irregular e menos diluída das mesmas cores, linhas mais concentradas, pincéis mais estreitos, uma sutil delineação com mais intensidades cromáticas ao acaso pela mistura não homogênea das tintas, insinuando traços; possibilidades para futuras intervenções.